quinta-feira, 19 de maio de 2016

Virgem Venerável

Virgo veneranda, ora pro nobis.


 me proclamarão bem-aventurada todas as gerações (Lucas 1: 48)





Como de costume, iniciemos com as meditações do Padre Paschoal Rangel. Diz ele:

Invocamos Nossa Senhora como a Virgem Prudentíssima. Ora, os prudente e sábios, lembrava alguém, merecem toda honra e veneração. A prudência nos aproxima do bem, nos afasta do mal, nos torna dignos de respeito. Os homens confiam nos sábios e prudentes. Por isso, a Virgem Prudentíssima é invocada, na Ladainha, logo em seguida à invocação de sua prudência, como Virgem Venerável. O Pe. Z. C. Jourdain escreve em sua Suma das Grandezas de Maria (t. III, pg 132): "A Igreja da terra se faz eco da Igreja do céu, ao proclamar Maria a Virgem Venerável".De fato, louvam-na os anjos e a reconhecem como sua rainha. Ensina, sem dogmatizar, Santo Tomás de Aquino que, no começo, isto é, antes mesmo da criação do mundo material, Deus revelou aos anjos a Encarnação de seu Filho e o apresentou à sua adoração. Seria a grande procação a que seriam submetidos: eles, puros espíritos, ter de adorar um Deus feito homem, um ser de carne e sangue, embora também espiritual. Os anjos maus, fechados em sua soberbia, se recusaram à obediência e ao amor humilde. E este foi o pecado, um pecado sem penitência, que os fez demônios para sempre. Os anjos bons, humildes e sábios o bastante para perceberem a divindade "esvaziada" na humanidade de Jesus, aceitaram a realeza de Cristo e o adoraram, sendo confirmados para sempre na glória.O autor da Epístola aos Hebreus diz, com todas as letras, que Deus mandou uma segunda vez aos anjos que adorassem a Jesus: "Ao introduzir o primogênito no mundo, Deus disse de novo: "Prostrem-se diante dele todos os anjos de Deus" (Hb 1,6). Os anjos assistiram, extasiados, ao nascimento do Verbo encarnado. E não podiam ter deixado de ver a santidade, a fé, a virgindade, a humilde sabedoria da Virgem Mãe, da qual o Verbo nascia. Por isso, resumindo o pensamento da Tradição, São João Damasceno (o último dos Padres e notável herdeiro do pensamento patrístico), escreveu que "convinha que as honras rendidas ao Filho, se rendessem também à Mãe" (Serm 1 de Nat. V. M.).Mas não são apenas os anjos que veneram a Virgem Maria. Veneram-na o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É a ideia que se encontra em Santo Hipólito, em Santo Agostinho: "O que mandou que se honrasse o pai e a mãe, não iria deixar de honrar aquela que era sua mãe, sua esposa, sua filha".Conta a Sagrada Escritura que um dia Betsabé, mãe de Salomão, foi ao seu encontro na sala do trono. Salomão ergueu-se, caminhou até ela e fez uma reverência. Depois, sentando-se no trono, mandou que trouxessem outro trono para Betsabé e a fez sentar-se à sua direita (1R 2,19).Os Santos Padres interpretam esta cena como se Salomão, o Rei sapientíssimo, fosse a imagem de Deus (ou Jesus) e Betsabé, imagem de Maria. É um pouco assim como Salomão tratou Betsabé que Jesus trata Maria.Santa Brígida, famosíssima vidente medieval (1303-1363), segundo um de seus numerosos escritos, o Discurso Angélico, teria ouvido de Deus numa visão que Adão, Abraão, Isaac, Jacó e Davi se sentiram arrebatados de alegria, quando o Espírito do Senhor os fez saber que a Mãe de Deus nasceria de sua posteridade.É por tudo isso, Senhora, que vos queremos invocar sempre: Virgem Venerável, rogai por nós. (RANGEL, 1991)
















Notas:

RANGEL, Paschoal. Maria, Maria.... Belo Horizonte: O Lutador, 1991.




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