quarta-feira, 18 de maio de 2016

Rainha dos Apóstolos

Regina Apostolorum, ora pro nobis.



Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus (Atos 1)






Escreve o Padre Paschoal Rangel: 
Rei universal, não deste mundo (Jo 18,36), não do jeito deste mundo, mas Rei daquele "eón", daquele universo e modo se ser, em que o Nome de Deus é santificado (ou seja, respeitado, amado, reconhecido como o único santo), Jesus fez sua Mãe participar dessa sua realeza e reinado. Um reinado que, por ora, se vê hostilizado pelas "potências" do século presente (Cl 2,15), submetido ainda às tentações e forças do mal. E, por isso, o reinado de Jesus está no meio de nós (Lc 17,21), mas em luta, vencendo, nele e nos santos, mas sendo às vezes submetido a derrotas, nos pecadores. Maria participa dessas lutas, vitórias e dificuldades do Reino de Cristo.A luta pelo Reinado de Jesus inclui o apostolado, isto é, o envio missionário, a pregação do evangelho, o testemunho da Palavra, a "parresia", quer dizer, a intrepidez do anúncio. Todos nós somos, de algum modo, missionários, na medida em que estamos e vivemos na Igreja toda missionária (Ad Gente, 2). Mas são sobretudo os Apóstolos, no sentido mais estrito do temos, os Doze, e depois São Paulo, por chamado especial de Cristo glorioso, os que estão encarregados dessa missão.Em que sentido, pois, se pode chamar Nossa Senhora de Rainha dos Apóstolos? Num sentido metafórico, sem dúvida, enquanto, mesmo sem "pregar" oficialmente o evangelho, que era uma tarefa a outros, ela,  mais do que qualquer apóstolo, tinha um extraordinário poder de "sedução" maternal e atraía os homens para o Cristo. Porque nenhum testemunho era mais missionário do que o dela. Foi neste sentido que Santo Inácio de Antioquia, na Carta a São João Evangelista (talvez apócrifa, mas que reflete o sentimento da Igreja primitiva), dizia: "Muitos de nossos amigos nos informam que Maria, Mãe de Jesus, possui uma superabundância de graças, que ela é calma e feliz nas tribulações e perseguições, resignada na indigência e nas tristezas, cheia de caridade mesmo para os que a ofendem, afligindo-se com os aflitos e infelizes".Mais do que de uma realeza metafórica, Maria foi chamada a participar realmente da vida, da alma, da tarefa redentora de Cristo que salva e "reina" amorosamente nos corações, e isso Ela soube e sabe fazer melhor do que todos os Apóstolos. Ela tem um poder sobre o coração dos homens, que só Cristo lhe podia dar. Ela "fala" no íntimo dos cristãos, e ali, com essa Palavra interior, é mais apóstola do que o poderiam ser todos os apóstolos.Uma rainha, digamos, maternal, "mais  mãe que rainha", somo Santa Teresinha pôde escrever. Porém, mais que isso ainda, ela foi a suave soberana maternal dos próprios apóstolos, naqueles primeiros e tumultuados dias da primeiríssima evangelização, no meio de um mundo adverso e perigoso. Philipon observou que Ela era então "aquela que velava sobre a Igreja nascente". Era a Orante, com quem os apóstolos se mantinham unidos unanímiter, isto é, num só coração, numa só alma, como dizem os Atos dos Apóstolos (At 1,14). Um belo autor espiritual, Mons Gay, afirmava, por causa disso, que Maria era quase tão necessária para o nascimento da Igreja, quanto o tinha sido para o nascimento de Jesus.Neste sentido. Ela é Rainha, sim, e Rainha dos Apóstolos também. (RANGEL, 1991)














Notas:

RANGEL, Paschoal. Maria, Maria.... Belo Horizonte: O Lutador, 1991.

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