quarta-feira, 18 de maio de 2016

Rainha das Virgens

Regina Virginum, ora pro nobis.

 pois são virgens - acompanham o Cordeiro por onde quer que vá (Apocalipse 14)


"Houve um momento, diz o Padre Paschoal Rangel, um dos momentos mais lindos e calorosos da Igreja, em que ser virgem era uma glória maior".
Virgindade não era, então, um conceito fraco, uma espécie de não-contaminação, uma ausência ou "não-havência" de relações sexuais, como parece ser hoje. Mas uma ideia-força, uma opção radical pelo Cristo, uma intimidade amorosa com um Amor fecundíssimo e incomparável, introcável, incambiável, As pessoas eram capazes de morrer, sem pestanejar, por causa desse Amor, por não perdê-lo. Nem a vida o poria em jogo.Parece que chegamos ao pólo oposto, no mundo e até em certos (muitos) círculos da Igreja. Um dia escreveu Bernanos, notável testemunha do catolicismo fervoroso da França nos anos 1940: "Um povo ao qual se ensinasse a ridicularizar a castidade (...) seria um povo perdido, descristianizado...". Aí está, entre outros, um sinal inequívoco da descristianização da sociedade atual.Quando a Igreja, pois, nos concita a invocar repetidamente Maria como Virgem e Rainha das Virgens, ela nos está ajudando a resgatar um dos "sacramentos" da vida cristã. "Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus". Certamente, essa pureza das Bem-aventuranças não se refere à castidade ou à virgindade, mas se refere também a ela. Pois se nosso coração não é casto, é "impuro", no sentido evangélico, como disse Jesus: "É de dentro, do coração do homem, que procedem os maus pensamentos, os adultérios, as fornicações, os homicídios... Todos esses males procedem de dentro e impurificam o homem" (Mc 7,21-23).Maria tinha essa pureza interior, ele, "a menininha", "la petite fille", como a gostava de chamar ainda Bernanos, que acrescentava: "O mundo antigo, o mundo dolorido, o mundo de antes da Graça a ninou longamente ao colo - séculos e séculos - na espera obscura, incompreensível, de uma "virgo genetrix" (uma virgem mãe). Sim, o mundo a esperava, a uma menininha, a Rainha dos anjos. Nascida sem pecado - que solidão espantosa! - pura pureza virginal, por amor e destinação do Pai. Menininha feita de inocência, não de ignorância, sem infantilidades, mas sem experiência pessoal da maldade também".Escolhida para mãe do Filho de Deus, filha de Deus Pai, esposa do Espírito Santo, Maria participou da "virgindade" da Santíssima Trindade. Participou, quer dizer, teve parte na... Essa ideia da virgindade de Deus não é nova. Pelo contrário, São Gregório de Nazianzo, um dos maiores teólogos entre os grandes teólogos da Patrística grega, tem um poema inteiro sobre isto, onde diz: "A Trindade é a primeira Virgem (...) "A primeira Virgem é a Trindade santa: o Filho vem de um Pai, que não tem começo, nem foi feito por outro / nem gera seu filho como o geram os homens".É dessa Virgem Trindade que nasceu a vocação virginal de Maria. É em união e intimidade com seu Filho, seu Pai, seu Esposo, que ela é virgem também. E é por isso que ela se chama a Rainha das Virgens. (RANGEL, 1991) 














Notas:

RANGEL, Paschoal. Maria, Maria.... Belo Horizonte: O Lutador, 1991.


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