quarta-feira, 18 de maio de 2016

Rainha Concebida sem Pecado Original

Regina sine labe originali concepta, ora pro nobis.










Diante da Imaculada Conceição de Maria, ensina-nos o Padre Paschoal Rangel:
Foi só em 1854 que o Papa Pio XI declarou dogma de nossa fé a “Imaculada Conceição de Maria”. Essa verdade não era uma novidade na Igreja. Falava-se nisso, havia séculos; o culto a Maria tinha incorporado o louvou e veneração à Virgem sem pecado. Mas, no correr dos séculos, houve muito debate sobre o assunto. Alguns teólogos, até mesmo santos, como foi o caso de São Tomás de Aquino, não conseguiam entender que alguém pudesse escapar ao pecado original, sem com isso, ter sido santificada dispensando a graça redentora de Cristo.Com o correr do tempo, a reflexão teológica chegou à formulação do dogma da Imaculada Conceição da Virgem, resguardando a necessidade, a indispensabilidade da redenção universal de Cristo. Maria sem pecado original não só não escapava ao poder da Redenção, mas constituía-se no caso mais forte do poder da redenção de Cristo. Pois afinal a força salvadora de Cristo era tamanha que atingia a Virgem por antecipação, antes do fato histórico do nascimento e da morte de Jesus. Ela fora redimida, diz a fórmula dogmática, “em vista dos méritos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano”. Fora uma graça especial, privilegiada, excepcional, uma redenção preventiva.E tudo porque Deus resolvera preparar da maneira mais perfeita a sua própria mãe. A maternidade é o princípio fundamental de toda a mariologia. É dela que se derivam todas as outras graças e funções de Maria, inclusive a maternidade eclesial, a mediação, sua vida de fé, seu amor aos homens, sua capacidade de ser exemplar, como mulher, como mãe, como esposa, como pessoa. É também da maternidade divina que, em última análise, se deriva essa preservação de qualquer mancha de pecado, inclusive a do pecado original.Algumas pessoas acham que “imaculada conceição” se refere à concepção de Jesus: Maria teria concebido Jesus sem pecado absolutamente nenhum. Mas não é da concepção de Jesus que se trata. É da concepção de Maria. Desde o primeiríssimo instante no seio de sua mãe (Ana), Maria foi preservada de qualquer contaminação.Atualmente, é costume alguns católicos dizerem que devemos olhar Maria, não como a gloriosa Mãe de Deus, cheia de privilégios inacessíveis ao comum dos homens, procurar nela o que nos possa estimular a ser cristãos de verdade. Não é tanto o caso de ficar “louvando” a Maria quanto o de reproduzir em nossa vida sua fé, sua consciência religiosa profunda, sua esperança. Alguns querem até acrescentar, “sua consciência cívica e política”, como parece manifestar-se no “Magnificat”. Claro que é bom e importante ver em Maria essa fonte inspiradora de nossa vida de hoje. Mas é preciso não perder de vista também a importância do louvor, da alegria de filhos diante da Mãe gloriosa: afinal, “fez em mim grandes coisas aquele que é poderoso”, como diz o próprio Magnificat.E é por isso que exultamos com a invocação: “Rainha Concebida Sem Pecado Original, rogai por nós”. (RANGEL, 1991)


Dom José Carlos de Lima Vaz complementa e aprofunda a reflexão do Padre Paschoal, dizendo:

A invocação Rainha Concebida sem Pecado Original foi introduzida na Ladainha de Nossa Senhora pelo Papa Gregório XVI em 1843, atendendo ao pedido de vários bispos e especialmente dos frades capuchinhos. Essa concessão fora precedida pelo Papa Clemente XIII, que em 1768, atendendo ao pedido do rei Carlos III da Espanha, autorizava a invocação Mãe Imaculada nos territórios sujeitos à coroa espanhola.Quando em 8 de dezembro de 1854 o Papa Pio IX, pela bula Inneffabilis Deus, proclamou o dogma da Imaculada Conceição, estava declarando divinamente revelada, com a autoridade do Supremo Magistério da Igreja, a verdade da pureza imaculada e integral da Virgem Maria.A fé do povo cristão professara essa verdade desde os primeiros séculos da Igreja, e ela estava profundamente arraigada na devoção popular. No Brasil, a fé popular sempre teve especial veneração pela Conceição de Nossa Senhora. Desde o início da evangelização nestas terras, Nossa Senhora da Conceição em sua capitania da Ilha de Itamaracá em Pernanbuco. Ao chegar ao Brasil em 1549, o primeiro Governador-Geral, Tomé de Souza, construiu na Bahia a pequena ermida que é hoje a majestosa Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia. O poeta da Virgem, o beato José de Anchieta, exaltou em versos cheios de unção a Imaculada Conceição de Maria em seu famoso “Poema da Virgem”. E desde meados do século XVIII Nossa Senhora da Conceição Aparecida é o centro da devoção mariana do povo brasileiro.O texto de definição dogmática de 1854 foi denso e claro: “Desde o primeiro instante de sua concepção, por graça e privilégio de Deus Todo-Poderoso, na previsão dos méritos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano, a Virgem Maria foi preservada isenta de toda mancha do pecado original”. Essa declaração solene da fé da Igreja teve, quatro anos depois, nas aparições da Santíssima Virgem em 1858 em Lourdes, uma confirmação celeste nas palavras da Virgem Maria a Santa Bernardete Soubirous.A definição do dogma da Imaculada Conceição preparou a definição pelo Concílio Vaticano I, em 1870, da infalibilidade do magistério solene e oficial do papa como chefe visível da Igreja e guarda autêntico da fé. Por ocasião dessa definição, o grande teólogo alemão Matias Scheeben escreveu: “A pureza absoluta da fé da Cátedra da Sabedoria (a Igreja) se descobriu na pureza imaculada do coração da Sede da Sabedoria” (Maria). De fato, a Imaculada Conceição tem um profundo significado não somente como um privilégio pessoal da santidade de Maria, mas como prefiguração da santidade da Igreja, cujo mistério de maternidade virginal (a Igreja é nossa Mãe pelo Batismo) foi antecipado e prenunciado na Maternidade Virginal de Maria, Mãe de Jesus.A íntima relação entre a Imaculada Conceição de Maria e a santidade da Igreja mostra a importância para todo cristão, em especial para os consagrados a Maria, como os Congregados Marianos, de procurar aperfeiçoar o conhecimento e meditação do conteúdo e da riqueza de aspectos dessa verdade da nossa fé: a pureza sem mancha da Mãe do Redentor.A Imaculada Conceição é um dom de Deus, o resultado de uma ação gratuita e singular de Deus. Por iniciativa divina, Maria, uma simples criatura humana, pertencente a nossa raça e, por isso, herdeira também da mancha que nos legaram os primeiros pais, foi isenta de qualquer marca de pecado, quer original, quer pessoal. Nem por um instante sequer Ela esteve sob o domínio do Maligno. Desde o primeiro momento de sua existência, Maria foi a expressão perfeita e completa da santidade possível numa criatura humana. Não por merecimento seu, mas na previsão dos méritos de Cristo, Ela foi dotada, desde o início de sua existência, de toda riqueza e plenitude da graça que seu Filho Divino mereceria pela Redenção. Assim, na verdade, deveria ser Aquela que Deus escolhera entre todas as mulheres e reservara para ser Mãe do seu Filho. Se santo é todo aquele ou tudo aquilo que Deus escolhe e reserva para Si, a Mãe de Jesus, por esse mistério da eleição divina, pode e deve ser chamada Maria Santíssima – a “cheia de graça” (Lc 1,28).Maria é a Mãe de Deus. Foi Ela o elo que ligou Deus à nossa condição humana pelo mistério da Encarnação. Em Maria, Deus se fez homem. Assim, a menina de Nazaré garantiu a unidade biológica entre Cristo e a raça humana que Ele deveria salvar. Isso mostra a verdade e o realismo da Encarnação, conforme a expressão tão forte e inequívoca do Evangelho: “o Verbo se fez carne” (Jo 1,14), ou a afirmação, também tão clara, do apóstolo Paulo: “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher” (Gl 4,4).Como membro do Povo Eleito de Israel, Maria representa o remate e o cume do longo processo de purificação daquele povo realizado por Deus ao longo dos séculos e que encontrou seu último estágio nos judeus piedosos e justos que antecederam imediatamente a chegada do Salvador. A Sagrada Escritura nos fala de Simeão e Ana (Lc 2,25-38), de Isabel e Zacarias (Lc 1,6), mas a fé do povo cristão deu um destaque especial a Joaquim e Ana, pais de Maria. A Igreja os venera como Santos. Foram eles que geraram a mais bela flor que nasceu da vara de Jessé, a mais perfeita entre as filhas de Sion.Em Maria, portanto, Deus expressou de modo pleno o amor pelo povo que Ele escolhera, entre todos, para que nele nascesse seu Filho feito homem. Esse amor é apresentado de modo simbólico e muito belo na imagem do amor esponsal entre Deus e o Povo Eleito, a virgem de Israel, a esposa bem-amada. Foi um amor cheio de vicissitudes em que a inconstância e a infidelidade do povo contrastavam com a persistência e a fidelidade de Deus. São muito expressivos os simbolismos esponsais das profecias de Oséias (Os 1-3), de Ezequiel (Ez 23), de Isaias (Is 61,10-62,5) ou a declaração de amor por seu povo em Jeremais (Jr 31,1-22). Mas, por sua beleza e riqueza simbólica, destaca-se a poesia inigualável do Cântico dos Cânticos que inspirou a obra-prima que é o Cântico Espiritual de São João da Cruz, considerado uma das mais perfeitas criações poéticas da literatura universal. Esse amor entre Deus e seu povo encontrou a plenitude em Maria. Ela se tornou a perfeita Virgem de Sion, cheia de graça, sem mancha ou defeito, a esposa e filha amada de Deus.Como e por que isso é possível?Há uma profunda diferença entre o amor de um ser criado e o amor de Deus. Entre as criaturas, o amor depende de seu objeto. Alguém, pelo que é, pela beleza, perfeição e bondade, impõe ou desperta o amor naquele que ama. Quem ama deve aceitar o objeto de seu amor. Em Deus é diferente. É Ele quem cria o objeto de seu amor. Em Maria, que deveria ser a Mãe do Filho de Deus, a sabedoria e o poder divinos se desdobraram completamente; puderam, sem entraves, n’Ela colocar toda a perfeição possível numa criatura humana. Assim, Deus fez d’Aquela que Ele escolhera para Mãe de seu Filho a mais bela, perfeita e amável entre todas as criaturas. Em sua Imaculada Conceição e em sua santidade. Maria é a obra-prima da sabedoria e do poder criador de Deus.A resposta de Maria foi a entrega ao Senhor de toda a sua pessoa, de todo o seu ser, pela fé e pelo amor. A experiência da vida espiritual ensina que, quanto mais alguém é enriquecido pela graça divina, tanto mais sente sede de Deus. Essa verdade aparece na santidade de Maria. Sua sede de Deus nunca teve limites. Ela é a expressão perfeita da fé e do amor. Nesse sentido, está intimamente associada a Cristo na obra da salvação e ao Divino Espírito na missão de santificar a Igreja e seus filhos. Maria, toda santa, restaurou a justiça original que o pecado perdera. Por isso, é elevada acima de toda a humanidade, é a criatura que se fez mais agradável a Deus pelo que Ela é e por sua vida.Como a rainha Ester, Maria se coloca diante do trono de Deus para interceder por seu povo, pelos pobres pecadores. A Imaculada Conceição iniciou mediação salvadora entre o homem e Deus, preparando a mediação perfeita e definitiva de Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote. A essa mediação de Cristo, o poder intercessor de Maria está intimamente associado, embora totalmente subordinado. Em sua Imaculada Conceição, Maria começou, portanto, a exercer a maternidade espiritual sobre todos os homens.Diante da beleza desse mistério, do esplendor radiante da santidade de Maria, deveríamos repetir a toda hora a prece que aprendemos de nossos pais e avós: “Por vossa Imaculada Conceição, ó Maria, livrai-me de todo pecado! Fazei puro meu corpo e santa a minha alma!”Rainha Imaculada, rogai por nós!



A história da Imaculada Conceição

Por Prof. Felipe Aquino
Imaculada-Conceição
“Debaixo de vossa proteção nos refugiamos, ó Santa Mãe de Deus. Não desprezeis nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita. Maria, Imaculada, rogai por nós”.
Já no princípio, quando nossos primeiros pais romperam com Deus pela soberba e desobediência, lançando toda a humanidade nas trevas, Deus misericordiosamente prometeu a salvação por meio de uma “Mulher”.
“Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3, 15).
Se foi por meio de uma mulher (Eva) que a serpente infernal conseguiu fazer penetrar seu veneno mortal na humanidade, também seria por meio de outra mulher (Maria, a nova Eva) que Deus traria o remédio da salvação.
“Na plenitude dos tempos”, diz o Apóstolo, “Deus enviou Seu Filho ao mundo nascido de uma mulher” (Gl 4,4). No ponto central da história da salvação se dá um acontecimento ímpar em que entra em cena a figura de uma Mulher. O mesmo Apóstolo nos lembra: “Não foi Adão o seduzido, mas a mulher” (1Tm 2,14); portanto, devia ser também por meio da mulher que a salvação chegasse à terra.
Para isso foi preciso que Deus preparasse uma nova Mulher, uma nova Virgem, uma nova Eva, que fosse isenta do pecado original, que pudesse trazer em seu seio virginal o autor da salvação; que pudesse “enganar” a serpente maligna, da mesma forma que esta enganara Eva.
O pecado original, por ser dos primeiros pais, passa por herança, por hereditariedade, a todos os filhos, e os faz escravos do pecado, do demônio e da morte.
O Catecismo da Igreja Católica nos ensina: “O gênero humano inteiro é em Adão como um só corpo de um só homem. Em virtude desta “unidade do gênero humano” todos os homens estão implicados no pecado de Adão” (n. 404).
A partir do pecado de Adão, toda criatura entraria no mundo manchada pelo pecado original. O que fez então Jesus para poder ter Sua Mãe bela, santa e imaculada? Ele quebrou a tábua da lei do pecado original e jurou que, no lenho da Cruz, com Seu Sangue e Sua Morte conquistaria a Imaculada Conceição de Sua Virgem Mãe.
São Leão Magno, Papa do século V e doutor da Igreja, afirma: “O antigo inimigo, em seu orgulho, reivindicava com certa razão seu direito à tirania sobre os homens e oprimia com poder não usurpado aqueles que havia seduzido, fazendo-os passar voluntariamente da obediência aos mandamentos de Deus para a submissão à sua vontade. Era portanto justo que só perdesse seu domínio original sobre a humanidade sendo vencido no próprio terreno onde vencera” 4.
Como nenhum ser humano era livre do pecado e de Satanás foi então preciso que Deus preparasse uma mulher livre, para que Seu Filho fosse também isento da culpa original, e pudesse libertar Seus irmãos.
Assim, o Senhor antecipou para Maria, a escolhida entre todas, a graça da Redenção que seu Filho conquistaria com Sua Paixão e Morte. A Imaculada Conceição de Nossa Senhora foi o primeiro fruto que Jesus conquistou com Sua morte. E Maria foi concebida no seio de sua mãe, Santa Ana, sem o pecado original.
Como disse o cardeal Suenens: “A santidade do Filho é causa da santificação antecipada da Mãe, como o sol ilumina o céu antes de ele mesmo aparecer no horizonte” 5.
O cardeal Bérulle explica assim: “Para tomar a terra digna de trazer e receber seu Deus, o Senhor fez nascer na terra uma pessoa rara e eminente que não tomou parte alguma no pecado do mundo e está dotada de todos os ornamentos e privilégios que o mundo jamais viu e jamais verá, nem na terra e nem no céu” (Tm, p. 307).
O Anjo Gabriel lhe disse na Anunciação: “Ave, cheia de graça…” (Lc 1,28). Nesse “cheia de graça”, a Igreja entendeu todo o mistério e dogma da Conceição Imaculada de Maria. Se ela é “cheia de graça”, mesmo antes de Jesus ter vindo ao mundo, é porque é desde sempre toda pura, bela, sem mancha alguma; isto é, Imaculada. E assim Deus preparou a Mãe adequada para Seu Filho, concebido pelo Espírito Santo diretamente (Lc 1,35), sem a participação de um homem, o qual transmitiria ao Filho o pecado de origem. Além disso, não haveria na terra sêmen humano capaz de gerar o Filho de Deus.
Desde os primeiros séculos o Espírito Santo mostrou à Igreja essa verdade de fé. Já nos séculos VII e VIII apareceram alguns hinos e celebrações em vários conventos do Oriente em louvor à Imaculada Conceição.
Em 8 de dezembro de 1854 o Papa Pio IX declarava dogma de fé a doutrina que ensinava ter sido a Mãe de Deus concebida sem mancha por um especial privilégio divino.
Na Bula “Ineffabilis Deus”, o Papa diz: “Nós declaramos, decretamos e definimos que a doutrina segundo a qual, por uma graça e um especial privilégio de Deus Todo Poderoso e em virtude dos méritos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada de toda a mancha do pecado original no primeiro instante de sua conceição, foi revelada por Deus e deve, por conseguinte, ser crida firmemente e constantemente por todos os fiéis” (Tm, p. 305).
É de notar que em 1476 a festa da Imaculada foi incluída no Calendário Romano. Em 1570, o papa Pio V publicou o novo Ofício e, em 1708, o papa Clemente XI estendeu a festa a toda a Cristandade tornando-a obrigatória.
Neste seio virginal, diz S. Luiz, Deus preparou o “paraíso do novo Adão” (Tvd, n. 18).
Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja e ardoroso defensor de Maria, falecido em 1787, disse: “Maria tinha de ser medianeira de paz entre Deus e os homens. Logo, absolutamente não podia aparecer como pecadora e inimiga de Deus, mas só como Sua amiga, toda imaculada” (Gm, p. 209). E ainda: “Maria devia ser mulher forte, posta no mundo para vencer a Lúcifer, e portanto devia permanecer sempre livre de toda mácula e de toda a sujeição ao inimigo” (GM, p. 209).
S. Bernardino de Sena, falecido em 1444, diz a Maria: “Antes de toda criatura fostes, ó Senhora, destinada na mente de Deus para Mãe do Homem Deus. Se não por outro motivo, ao menos pela honra de seu Filho, que é Deus, era necessário que o Pai Eterno a criasse pura de toda mancha” (GM, p. 210).
Diz o livro dos Provérbios: “A glória dos filhos são seus pais” (Pr 17,6); logo, é certo que Deus quis glorificar Seu Filho humanado também pelo nascimento de uma Mãe toda pura.
S. Tomas de Vilanova, falecido em 1555, chamado de São Bernardo espanhol, disse em sua teologia sobre Nossa Senhora: “Nenhuma graça foi concedida aos santos sem que Maria a possuísse desde o começo em sua plenitude” (Gm, p. 211).
S. João Damasceno, doutor da Igreja falecido em 749, afirma: “Há, porém, entre a Mãe de Deus e os servos de Deus uma infinita distância” (Gm, p. 211).
E pergunta S. Anselmo, bispo e doutor da Igreja falecido em 1109, e grande defensor da Imaculada Conceição: “Deus, que pode conceder a Eva a graça de vir ao mundo imaculada, não teria podido concedê-la também a Maria?”
“A Virgem, a quem Deus resolveu dar Seu Filho Único, tinha de brilhar numa pureza que ofuscasse a de todos os anjos e de todos os homens e fosse a maior imaginável abaixo de Deus” (GM, p. 212).
É importante notar que S. Afonso de Ligório afirma: “O espírito mau buscou, sem dúvida, infeccionar a alma puríssima da Virgem, como infeccionado já havia com seu veneno a todo o gênero humano. Mas louvado seja Deus! O Senhor a previniu com tanta graça, que ficou livre de toda mancha do pecado. E dessa maneira pode a Senhora abater e confundir a soberba do inimigo” (GM p. 210).
Nenhum de nós pode escolher sua Mãe; Jesus o pode. Então pergunta S. Afonso: “Qual seria aquele que, podendo ter por Mãe uma rainha, a quisesse uma escrava? Por conseguinte, deve-se ter por certo que a escolheu tal qual convinha a um Deus” (GM, p. 213).
A carne de Jesus é a mesma carne de Maria e Seu sangue é o mesmo de Maria; logo, a honra do Filho de Deus exige uma Mãe Imaculada.
Quando Deus eleva alguém a uma alta dignidade, também o torna apto para exercê-la, ensina S. Tomás de Aquino. Portanto tendo eleito Maria para Sua Mãe, por Sua graça e tornou digna de ser livre de todo o pecado, mesmo venial, ensinava S. Tomás; caso contrário, a ignomínia da Mãe passaria para o Filho (GM, p. 215).
Nesta mesma linha afirmava S. Agostinho de Hipona, Bispo e doutor da Igreja falecido em 430, já no século V:
“Nem se deve tocar na palavra “pecado” em se tratando de Maria; e isso por respeito Àquele de quem mereceu ser a Mãe, que a preservou de todo pecado por sua graça” (GM, p. 215).














Notas:

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