quinta-feira, 19 de maio de 2016

Causa da Nossa Alegria

Causa nostrae laetitiae, ora pro nobis.




a tristeza se há de transformar em alegria (João 16)





Cheia de graça, como lhe disse o anjo, Maria só podia viver na alegria. Em grego, a expressão do Anjo é mais que um simples "Ave". É "claire" = "alegra-te". Virgem alegre, Virgem feliz. Os santos não se cansam de repetir o mesmo refrão: "Salve, ó cheia de graça, que és vaso e receptáculo de alegria", exclama São Gregório Taumaturgo. E São Metódio: "Salve, ó vós que não cessareis jamais de ser a nossa alegria, Santa Mãe de Deus".Alegria nossa, sim. Mas, por que Causa de Nossa Alegria [ou Fonte de Nossa Alegria]?Antes de tudo, porque deu cooperação consciente na obra da Encarnação e Redenção, fontes de tudo o que de melhor nos podia acontecer. Sabemos que não foi ela que nos remiu. O Redentor único é Jesus, o Cristo. Mas sabemos também que, esclarecida pela graça divina, pela meditação sobrenatural, Maria conheceu sua missão e quis colaborar com seu Filho, aceitando com admirável espírito corredentor, sua própria dor, sua compaixão, e oferecendo-a ativa e deliberadamente nas mesmas intenções de Jesus. Um autor dos fins do século passado escreveu a respeito este pensamento bonito e industrioso: "Deus tinha dito: Não é bom que o homem esteja só: façamos-lhe uma auxiliar semelhante e ele." Jesus Cristo, o novo Adão, também não esteve só para renovar o gênero humano: ele teve uma auxiliar. E esta auxiliar foi Maria".É uma opinião teológica muito espalhada a partir de São Tomás de Aquino, que as preces e desejos intensos dos santos e dos patriarcas tinham força diante do coração de Deus para apressar a hora de nossa Redenção. Mas foram as preces e desejos cheios de amor e humildade de Maria que, mais do que todos os outros juntos, pôde fazer que nos chegasse mais depressa a vinda de Cristo. A hora de Deus. O que deixa de ser mais uma piedosa imaginação, se levarmos em conta o que aconteceu no Evangelho, no episódio das Bodas de Caná. A prece de Nossa Senhora fez que Jesus fizesse um milagre que, segundo ele mesmo disse, não tinha chegado a hora de fazer. Por isso, pensam alguns mariólogos que, também por isso, Maria é causa de alegria para os homens.Ficamos felizes por saber que Nossa Mãe, mesmo diante do mistério, das sombras que se anunciavam, da visão de uma espada que lhe transpassaria a alma, deu o seu SIM a Deus quando o Anjo lhe disse que haveria de ser mãe do Salvador dos homens. Fiat voluntas tua. Esta palavrinha, fiat, quanto ela foi valorizada pelos santos e doutores! Dela dependeu (de algum modo) a nossa salvação. Santo Agostinho, São Bernardo fazem apóstrofes deliciosas a Maria, suplicando que não deixe de dar o seu consentimento. E se estendem numa súplica vibrante a Nossa Senhora, procurando (retoricamente) demonstrar-lhe que não há por que duvidar, por que deixar o anjo esperando a resposta... Mas a Virgem - graças a Deus - disse "sim". Alegria do céu e da terra!E agora, ó Mãe, causa da nossa alegria, rogai por nós. (RANGEL, 1991)





















Notas:


RANGEL, Paschoal. Maria, Maria.... Belo Horizonte: O Lutador, 1991.


Nenhum comentário:

Postar um comentário